sexta-feira, 2 de novembro de 2012

...E NÃO É QUE O CÉU ESTAVA LINDO!


Quando éramos pequenos costumávamos (minha irmã e eu) ir ao Sítio do meu Avô. Nas saídas à noite lembro que na estradinha estreita de terra onde andávamos e ouvia aquelas prosas de pessoas de conversas simples, eles: meus avós e tias brincavam com a gente apagando a pequena luz que fosse que carregávamos e nos deixando na mais absoluta escuridão.
      A princípio um medo, uma insegurança, e nervosismo... mas eles logo nos tranquilizavam, dizendo : - Calma, é só a noite. Em seguida aos poucos um silenciar e uma admiração pela imensa força da natureza, e por tudo que é absoluto, me faziam finalmente relaxar. Se olhasse bem podia perceber que as estrelas brilhavam mais, os sons dos bichos e da nossa respiração eram mais altos, qualquer movimento parecia ser brusco, o cheiro de mato entrava no peito, a força da simplicidade nos tomava...
      Hoje, vejo que aquela brincadeira era coisa séria. À noite e a escuridão nos proporcionavam um despertar de outros sentidos. Naquela época eu nem desconfiava que por muitas vezes eu ainda fosse ter aquela sensação, só que, quando a gente cresce são outros os tipos de escuridão, mas surgem exatamente como quando meus avós e tias apagavam aquela pequena luz que carregávamos pelo caminho... Assustam, nos tiram da nossa zona de conforto, mas depois que o coração se acalma a gente aprende que no escuro podemos perceber outras formas de luz.
      Um dia desses, na estrada da vida, a noite veio e apagou aquela pequena luz...

...E NÃO É QUE O CÉU ESTAVA LINDO!  ;D 

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